sexta-feira, 28 de junho de 2013

Inconformismo com as polícias pernambucanas - mas não calarão as ruas!!!

O Grupo Asa Branca de Criminologia vem manifestar profunda indignação com a maneira como as polícias pernambucanas vêm conduzindo as repressões às manifestações de estudantes contra aumentos de tarifas dos ônibus em Pernambuco.

Nosso grupo está teórica e praticamente comprometido com um pensamento que visa a continuada redução do Direito Penal na resolução de conflitos em nossa sociedade, pois ele apenas reproduz dor e sofrimento. A técnica utilizada pela justiça penal de retirar de homens e mulheres a sua liberdade é essencialmente violenta e incapaz de enfrentar os nossos problemas. E quando o Estado utiliza essa técnica para acossar, amedrontar e arrefecer o protesto, a democracia recebe um grande golpe.
A reação absolutamente desproporcional das polícias pernambucanas aos protestos dos dias 20 e 26 de junho, prendendo mais de seis manifestantes por crimes os mais diversos, conduzindo-os a unidades policiais de Operações Especiais, arbitrando fianças em valores exorbitantes e impagáveis (de até dez mil reais) visam neutralizar a onda de protestos que vêm tomando todo o Brasil e que também tomou Pernambuco. 

A democracia se constrói nas ruas, onde os cidadãos levantam livremente suas bandeiras e conduzem os processos de mudança; retirá-los à força das ruas é prática afeita a regimes ditatoriais, que não gostam de liberdade, não gostam de diálogo, não gostam de protesto. 

Criminalizar o protesto é a forma mais covarde de tentar calar a indignação daqueles que não estão dispostos assistir de seus sofás a história acontecer, mas de construí-la ativamente. Aprisionar os manifestantes é aprisionar suas almas, seus sonhos e seus projetos. Isso não ocorrerá. 

Ainda, a atitude lamentável de monitorar estudantes, de mapear lideranças e de buscar por sujeitos “perigosas” e “suspeitos” pelo que pensam é um saudosismo perigoso, decadente e antidemocrático de um sistema de repressão que não suporta a ideia de que as pessoas pensem, reúnam-se, organizem-se e se manifestem. Nós não temos saudade dos tempos em que não cantávamos a liberdade nas ruas e a democracia não sucumbirá, pois as ruas já estão tomadas. 

Assim, repudiamos a prisão de mais de seis manifestantes; repudiamos as fianças fixadas em valores exorbitantes e incapazes de serem pagos pelos manifestantes presos, em sua maioria estudantes; repudiamos o vigilantismo em busca de inimigos; repudiamos técnicas de regimes ditatoriais de monitorar a vida de cidadãos em nome da segurança. Repudiamos, enfim, quem criminaliza o protesto. 

Manifestamos toda a solidariedade aos colegas, amigos e amigas, alunos e alunas que foram violentados muitas vezes quando não puderam protestar e quando passaram algumas noites em nosso sistema carcerário, tão trágico quanto ineficiente. Com eles, fomos todos violentados. Mas seguiremos caminhando pela noite de nossa cidade, acendendo a esperança e apagando a escuridão, pois o nosso povo acorda novo, forte, alegre e cheio de paixão...