quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Os equívocos da internação compulsória

A Carta Capital publicou excelente matéria sobre os equívocos da internação compulsória de usuários de drogas, em especial, o crack. A foto da matéria é por demais emblemática, porque simboliza uma face persistente das instâncias de controle brasileiras: um homem jovem negro, que corre atrás de outro homem jovem negro. O caçador veste uma "farda" e a presa, alguns trapos. Poderia ser uma cena de um capataz que corre atrás de um escravo fugitivo ou a de um policial que corre atrás de um "bandido". Evidentemente o esquema é, do ponto de vista sociológico, muito mais complexo. Entretanto, falar em esquemas interpretativos complexos me remete a uma formulação que li certa vez em Boaventura: "Uma pergunta simples e elementar é aquela que logra atingir, com transparência técnica de uma funda, o magma mais profundo da nossa perplexidade individual e coletiva - que não é mais do que a nossa complexidade por explorar" (SANTOS, B. de S. Poderá o direito ser emancipatório? Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 63, mai, 2003, p. 4) A pergunta pode mesmo ser simples: os esquemas "encarceradores" de resolução de conflito não logram êxito. Por que insistir neles? A resposta, já não tão simples assim, guarda, entretanto, uma faceta evidente: moradores de rua incomodam e precisam deixar de incomodar. A miséria é feia, assusta as pessoas e precisa deixar de assustar. Enfim, é preciso limpar os centros urbanos em constante desenvolvimento. Se não, como atrair investidores? Vale muito a pena ler a matéria! Os equívocos da internação compulsória